quinta-feira, 25 de abril de 2013

Casaco de família


Ele era decente, de boa família e com uma reputação a zelar. Já sofria crises, mas não se sentia excluído ou menosprezado pela avançada idade. Com estilo militar, era cheio de peculiaridades únicas, mas inspirava tradição, história e “sangue azul”.  Completava aniversários, atrás de aniversários, e mesmo assim permanecia moderno e estiloso. Esteve presente nos mais diferente lugares, compromissos e situações, sempre se pondo a ajudar aqueles que passavam frio.

Essa época de temperaturas mais geladas era a sua preferida, pois podia “sair do armário” e fazer o que sabia de melhor: brilhar no meio de tipos tão comuns.  Apesar de generoso, tinha uma personalidade meio egocêntrica e se sentia único no mundo – provavelmente o era – e o inverno era a sua chance de mostrar toda a sua exclusividade e elegância.




Levar a tradição de uma família e de uma marca que nem existe mais nas costas não é para qualquer um. O casaco é - sem sombra de dúvida – mais velho que eu e ganhei a honra de usá-lo há quase 10 anos, antes disso ele tinha permanecido no “limbo do esquecimento” do guarda-roupa da minha avó e tinha sido usado pouquíssimas vezes pelo meu tio mais velho.

Quando foi libertado de sua clausura e foi enfeitar o meu guarda-roupa, as outras peças até se intimidaram com a chegada do senhor casaco marrom escuro, com um colete interno de pelos e adaptável. Era um coroa moderno e prático.

Sinceramente, não encontrei nenhum outro casaco que sequer lembrava o meu, em modelo ou qualidade. Porém, foi a partir desse presente, que me apaixonei por essa peça indispensável e é claro, pela estação mais elegante que há no ano.

Assim, vão-se as pessoas, ficam os casacos. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A Garota da Echarpe Verde

Se quando você ouve que alguém é viciado em compras, já imagina uma garota ruiva saltitando feliz na frente da vitrine da Yves Sant Laurent ou soterrando a melhor amiga com roupas que explodiram do guarda-roupa, então o filme “Os delírios de consumo de Becky Bloom” é um velho conhecido.

Relógios, couro italiano, sapatos, vestidos, não importa o que seja, para essa jornalista, (porque sempre tem uma jornalista nesses filmes?) fazer compras deixa o mundo mais bonito e a vida mais feliz mesmo que seja por um momento. Porém, o que ela não se dá conta é que mais dia ou menos dia a fatura do cartão de crédito chega, junto com todos os credores.

O filme de 2009 é encantador porque mistura comédia, romance, moda e várias pitadas de lições com questões éticas e profissionais, sobre coisas mais importantes do que dinheiro, compras e status. Além é claro de trazer os fofos Isla Fischer (sempre a confundo com Amy Adams) e Hugh Dancy.


Imagino que viver em Nova York com todas as lojas dos grandes estilistas dançando a sua frente não deve ser fácil, mas se a sua carteira não aguenta a emoção, e sai logo pulando para fora da bolsa é sempre bom ter um controle maior e não seguir a luz, nem nada que brilhe muito.

Não me considero uma viciada em compras, na verdade, estou muito longe disso, - é claro que nenhum viciado assume que é, mas eu não sou! - porém, como ninguém é de ferro, acredito que todo mundo tem um dia de Becky Bloom, torcendo para que o cartão de crédito ou débito seja aceito, vibrando quando a mensagem “transação provada” aparece na máquina, sentindo que tudo é maravilhoso com uma nova aquisição e até mesmo se apaixonando por uma echarpe verde, como eu. 

Pois é, sucumbi à tentação e comprei uma echarpe verde da cor do dinheiro e do sucesso, como bem diria a manequim do filme. Já tinha sido uma paixão à primeira vista, com muito custo resisti bravamente, mas da segunda vez que a gente se encontrou – sim, precisa ser um encontro mútuo -, percebi que era a última peça e juntamente com um par de brincos de asas brilhantes, o pedaço de pano saltou para dentro da minha bolsa, se protegendo de outras consumidoras ensandecidas e guarda-roupas embolorados. E agora, assim como Becky, sou uma jornalista com uma echarpe verde escrevendo sobre moda acessível.


quinta-feira, 29 de março de 2012

Os Sem...

Sete meses lavando roupa da mão... Antigamente as mulheres achavam isso normal, até era uma terapia “bater” a roupa à beira de um rio. Entretanto, nos tempos modernos, qualquer pessoa que “bata” bem da cabeça, acha que viver SEM uma máquina de lavar é uma aberração.
Consegui passar um mês SEM celular, um período em que pude escolher quem procurar e ninguém poderia me achar quando eu não quisesse. Porque às vezes, tudo que você precisa é de um momento a sós, consigo mesma. Não precisa que uma caminhada ou uma tarde de compras e preguiça, sejam interrompidas por uma ligação. Cobranças ou conversas sem sentidos... (às vezes a melhor conversa é o silêncio).
Sobrevivi um mês SEM internet em casa, uma das razões pelas quais não publiquei nada por aqui. Já estava começando a ficar completamente fora do ar, saindo em busca de um computador com rede, que me conectasse com o mundo. Como não sou muito fã de celulares, me rendi a comunicação via internet, o que facilita muito a minha vida. Mas em meio a uma corrida pelo TCC, ficar mais tempo sem a “net”, seria o mesmo que cometer suicídio aos poucos.

No entanto, SEM celular ou SEM internet, sempre encontramos um meio de nos conectar com as pessoas e com a informação, porém passar um mês SEM guarda-roupa foi muito mais traumatizante. Não achei que seria assim tão difícil para uma pessoa organizada como eu. Mas como juntamos outro SEM - o que acontece com todo mundo nesse mundo moderno, o SEM tempo – só pode resultar em uma coisa: desastre.
Uma mudança já é meio complicada, mas lidar com as caixas e os sacos muito tempo depois é pior. Minhas roupas e as da minha irmã ficaram todo esse tempo em sacos e malas, por isso encontrar uma simples muda de roupa para vestir durante um dia normal é quase uma guerra. Percebi a nossa situação precária, quando precisei fazer uma mala para passar o fim de semana na casa dos meus pais. Era impossível achar o meu short preferido, ou uma regata básica. No desespero e como sempre – atrasada -, jogava as roupas para cima em busca de algo que servisse para um fim de semana comum. Foi uma verdadeira acrobacia já que ao mesmo tempo precisava fazer o mínimo de barulho possível, porque ainda era muito cedo e, venhamos e convenhamos, nada é mais inconveniente do que sacos de plástico.
Depois desse período, - um mês é sempre um tempo muito razoável para as coisas começarem a mudar-, fui praticamente obrigada a comprar um novo celular, precisei me render a contratar uma internet doméstica, que será instalada em breve e me presentearam com um dos melhores presentes que alguém poderia dar: um guarda-roupa.
Dizem que só quando perdermos é que realmente sentimos o valor que as coisas têm. Ficar sem celular ou internet, só me mostrou o quanto estamos presos e dependentes a essas ferramentas da modernidade – não existe mais o charme e a intimidade de escrever uma carta. Porém, descobri que ficar SEM guarda-roupa é desesperador. Como se espera encontrar alguma coisa para vestir numa bagunça que não lhe é familiar?
PS: Ainda continuo SEM máquina de lavar roupas.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A viagem da mala



Podem pensar que me perdi em meio a tantas roupas e reflexões, ou talvez na minha última liquidação... Mas acontece que meu guarda-roupa tem vida própria e é um universo mais complexo do que imaginava (por um breve momento achei que tivesse me perdido em Nárnia). Porém, a lógica é que nas férias, a correria ficasse menor e conseguisse deixar tudo em ordem. Doce ilusão.

Com a chegada das festas de fim de ano e das férias, dobrou-se o trabalho, mas principalmente as viagens. Viagens são sinônimos de malas e elas precisam ser montadas e desmontadas com uma perícia quase cirúrgica. Só existe uma forma de todas as roupas e sapatos entrarem na mala, uma vez perdida a ordem... Esqueça! Empurre tudo dentro e sente em cima da mala: o efeito é praticamente o mesmo.




O que realmente me fez desaparecer por um tempo, foi exatamente esse processo exaustivo de fazer as malas. Gosto muito de uma frase, que não faço ideia de quem disse, mas exprime bem o meu momento. “Está tudo bem. De qualquer forma, estamos sempre partindo”. A verdade é que estou partindo sempre de um lugar para o outro e praticamente preciso levar minha casa a tira colo.

Tudo o que uma garota precisa pode caber em uma bolsa pequena (se ela for mágica como a da Hermione), em uma mochila de acampamento ou em uma dúzia de malas tradicionais de viagem. Isso só acontece, por um simples motivo: o direito de escolha. Só que esse direito pode ser benéfico ou não... Você pode ter as melhores roupas para escolher conforme seu humor e o clima, mas isso também te fará levar todo o seu guarda-roupa nas costas.

O segredo é ter looks coringas para o frio e para o calor e que podem se misturar entre si, criando novas combinações. Assim é possível se vestir e se sentir bem em qualquer viagem, sem sofrer feito uma condenada com a quantidade ou tamanho das malas. E lembre-se de não se perder em nenhuma delas.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Como sobreviver a uma liquidação

Com o fim das vendas de Natal e Ano Novo, as lojas querem queimar os estoques e logo nos primeiros dias do ano já podemos ver as placas com promessas de mega promoções. PREÇOS IMPERDÍVEIS. OFF. SALDÃO. DESCONTOS DE ATÉ 70%.
Lojas lotadas é o resultado de todo esse marketing... Pessoas que não fizeram suas compras antes e esperam ansiosas para as promoções do início do ano, que vão deixá-las endividas no mínino durante os próximos seis meses.
Se você não quer enfrentar uma corrida pelo menor desconto, não quer pechinxar ou simplesmente não quer gastar dinheiro, passe longe dos centros comerciais ou das lojas que você “namora” a vitrine, assim não corre o risco de cair em tentação e nem fica sofrendo por aí, simplesmente ignore essa época de loucura para os comerciantes.

Mas se você economizou especialmente para a queima de estoque, é melhor ir  preparada para a guerra. Principalmente, se resolver visitar uma dessas lojas do “pegou, levou”, que vendem os produtos expostos, as prateleiras e até os atendentes.
Vá de tênis, mesmo que esteja um calor infernal. Acredite, é melhor ficar com o pé quente, do que destruído e sujo de tanto que as pessoas vão pisar nele. Vá de calça, mas confortável, nada de jeans apertado, você não precisa deixar a sua vida mais complicada na hora de experimentar as roupas. Nada de roupas brancas, a não ser que queira jogá-las fora depois. Prefira comprar as coisas menores primeiro, você não vai querer entrar numa loja de miudezas, com um endredon na mão. Não leve crianças ou namorados, eles se perdem e se cansam  com muito rapidez, prefira ir sozinha ou no máximo com uma amiga. Faça uma lista de prioridades, assim você não leva tudo o que tiver barato, mas somente o que realmente precisa. 
Vá com uma bolsa pequena transpassada, nada de mochilas ou megabolsas, já vai ter bastante trabalho para carregar as sacolas, além disso, é mais seguro e prático. Tome um chá de camomila antes, durante e depois de suas compras para não se estressar com empurrões, filas e reclamações. Ah, e não se esqueça de ir com o cabelo preso e sem maquiagem, você vai voltar descabelada e borrada de qualquer forma.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As sacolas de fim de ano

Maratona. Acredito que essa palavra resume o fim de ano, com compras e festas e mais compras. As pessoas correm pelas ruas para entrar nos minutos antes que a loja de departamentos feche e se empurram nas vitrines e araras das lojas de grife e populares para não perder uma boa promoção. Garantir um visual bacana para as festas de final de ano e muitas vezes renovar o guarda-roupa é o objetivo das mulheres que se “matam” por um desconto.
Para fazer compras em qualquer época do ano, principlamente quando há placas e faixas indicando liquidação, prefiro ir sozinha, apesar de ter de carregar todo o peso das sacolas. Mesmo assim, prefiro criar o meu próprio roteiro de lojas, entrando aqui ou ali conforme o meu gosto.


Sem pressa ou correria. Enquanto fico tranquila, entrando no provador quantas vezes forem necessárias, sem ter ninguém para opnar ou me esperar, dou um sorriso solidário para os maridos, namorados e crianças, que aguardam desolados procurando um local para se apoiar ou sentar. É realmente uma judiação levar a família inteira para as ruas nessa época do ano, as crianças ficam impacientes, os maridos/ namorados estressados e confusos, sem saber se vão ter o limite do cartão estourado ou a carteira roubada.
O mais incrível desta época é ver como as pessoas “generosas” em busca de presentes para a família toda, deixam aflorar o instinto assassino na hora das compras. Atropelam sem dó qualquer um que esteja na frente. Numa competição frenética, as sacolas de fim de ano são usadas como armas para atacar ou se defender dos outros oponetes, vence quem sacar o cartão de crédito primeiro.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O dia do moletom

Tem dia que é difícil... O cansaço e a preguiça dominam. Ficar horas na frente do espelho experimentando todas as opções de combinações para se vestir não faz meu estilo, principalmente porque não tenho tempo e depois porque não tenho paciência, exceto em ocasiões especiais, os looks do meu dia-a-dia precisam ser práticos e versáteis.
Mas confesso que muitas vezes, tudo o que eu quero quando abro meu guarda-roupa é pegar um tênis, uma calça jeans e um moletom velho e surrado, a primeira coisa que encontro pela frente.  Nada de blusinha bonitinhas, com brilho e decotes, nada de saltos, nada de saia ou vestidos floridos e alegres. Qualquer coisa serve.

É por isso que adoro o casual day, a sexta-feira que é liberada para usar tênis e camiseta no trabalho. Enquanto espero ansiosamente este dia, aproveito o resto da semana para extravasar a minha preguiça de me vestir na faculdade, principalmente porque estou quase no final do curso.
As roupas expressam seu estilo de vida, pensamentos e humor. E como o humor é uma coisa que muda diariamente, tem dias que simplesmente não há “clima” para se vestir. Ou coragem para sair da cama ou de casa. A preguiça reina. Então para facilitar... Nada de passar a roupa, ou melhor, roupas que não precisam passar é a última tendência moderna e sustentável.
E nestes dias é incrível mesmo, passo longe de maquiagem também. Com cara limpa e um moletom velho enfrento as horas de aula e os afazeres na rua... Só fico torcendo para não encontrar nenhum príncipe na minha frente, e se por um acaso uma moça com jeito de modelo parar do meu lado, meu consolo é dizer: “Ah, não preciso ser assim, só preciso do meu cérebro em perfeito funcionamento”...