quinta-feira, 25 de abril de 2013

Casaco de família


Ele era decente, de boa família e com uma reputação a zelar. Já sofria crises, mas não se sentia excluído ou menosprezado pela avançada idade. Com estilo militar, era cheio de peculiaridades únicas, mas inspirava tradição, história e “sangue azul”.  Completava aniversários, atrás de aniversários, e mesmo assim permanecia moderno e estiloso. Esteve presente nos mais diferente lugares, compromissos e situações, sempre se pondo a ajudar aqueles que passavam frio.

Essa época de temperaturas mais geladas era a sua preferida, pois podia “sair do armário” e fazer o que sabia de melhor: brilhar no meio de tipos tão comuns.  Apesar de generoso, tinha uma personalidade meio egocêntrica e se sentia único no mundo – provavelmente o era – e o inverno era a sua chance de mostrar toda a sua exclusividade e elegância.




Levar a tradição de uma família e de uma marca que nem existe mais nas costas não é para qualquer um. O casaco é - sem sombra de dúvida – mais velho que eu e ganhei a honra de usá-lo há quase 10 anos, antes disso ele tinha permanecido no “limbo do esquecimento” do guarda-roupa da minha avó e tinha sido usado pouquíssimas vezes pelo meu tio mais velho.

Quando foi libertado de sua clausura e foi enfeitar o meu guarda-roupa, as outras peças até se intimidaram com a chegada do senhor casaco marrom escuro, com um colete interno de pelos e adaptável. Era um coroa moderno e prático.

Sinceramente, não encontrei nenhum outro casaco que sequer lembrava o meu, em modelo ou qualidade. Porém, foi a partir desse presente, que me apaixonei por essa peça indispensável e é claro, pela estação mais elegante que há no ano.

Assim, vão-se as pessoas, ficam os casacos. 

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