Ele
era decente, de boa família e com uma reputação a zelar. Já sofria crises, mas
não se sentia excluído ou menosprezado pela avançada idade. Com estilo militar,
era cheio de peculiaridades únicas, mas inspirava tradição, história e “sangue
azul”. Completava aniversários, atrás de
aniversários, e mesmo assim permanecia moderno e estiloso. Esteve presente nos
mais diferente lugares, compromissos e situações, sempre se pondo a ajudar
aqueles que passavam frio.
Essa
época de temperaturas mais geladas era a sua preferida, pois podia “sair do
armário” e fazer o que sabia de melhor: brilhar no meio de tipos tão
comuns. Apesar de generoso, tinha uma
personalidade meio egocêntrica e se sentia único no mundo – provavelmente o era
– e o inverno era a sua chance de mostrar toda a sua exclusividade e elegância.
Levar
a tradição de uma família e de uma marca que nem existe mais nas costas não é
para qualquer um. O casaco é - sem sombra de dúvida – mais velho que eu e
ganhei a honra de usá-lo há quase 10 anos, antes disso ele tinha permanecido no
“limbo do esquecimento” do guarda-roupa da minha avó e tinha sido usado
pouquíssimas vezes pelo meu tio mais velho.
Quando
foi libertado de sua clausura e foi enfeitar o meu guarda-roupa, as outras
peças até se intimidaram com a chegada do senhor casaco marrom escuro, com um
colete interno de pelos e adaptável. Era um coroa moderno e prático.
Sinceramente,
não encontrei nenhum outro casaco que sequer lembrava o meu, em modelo ou
qualidade. Porém, foi a partir desse presente, que me apaixonei por essa peça
indispensável e é claro, pela estação mais elegante que há no ano.
Assim,
vão-se as pessoas, ficam os casacos.
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